Crítica | Setembro 5 - O longa-metragem se destaca ao apresentar um evento histórico grave sob um ponto de vista único, evidenciando como o jornalismo molda a maneira como o mundo compreende acontecimentos marcantes.
Divulgação | Paramount Pictures |
Título | September 5 (Título original) |
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Ano produção | 2023 |
Dirigido por | Tim Fehlbaum |
Estreia | 30 de janeiro de 2025 (Brasil) |
Duração | 91 Minutos |
Classificação | 14 - Não recomendado para menores de 14 anos |
Gênero | |
País de Origem | Estados Unidos |
Sinopse
Na noite de 5 de setembro de 1972, um grupo terrorista chamado Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica dos Jogos Olímpicos de Munique e fez atletas da delegação israelense reféns. Retratando os jornalistas esportivos que cobriam a competição e tiveram que mudar radicalmente suas pautas para noticiar o sequestro em tempo real, o filme aborda as responsabilidades jornalísticas e um tema que se torna mais importante a cada dia: o poder da mídia.
• Por Alisson Santos
• Avaliação - 9/10
"Setembro 5" retrata a tomada de reféns ocorrida durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. No entanto, ao invés de se limitar a reconstituir os fatos ou apresentar uma posição política, o roteiro de Moritz Binder, Tim Fehlbaum e Alex David foca em uma reviravolta inesperada. A narrativa explora como a equipe da ABC Sports, inicialmente dedicada à análise de competições esportivas, passou a cobrir ao vivo um evento violento, equilibrando o compromisso com a ética jornalística.
A trama acompanha Peter Jennings (Benjamin Walker), correspondente da ABC, que, sem preparo prévio para lidar com a cobertura de uma crise de tamanha magnitude, precisa improvisar. Ele se esforça para manter sua equipe calma enquanto oito membros do grupo terrorista Setembro Negro ameaçam a vida de atletas israelenses. O incidente, que resultou em uma tragédia amplamente transmitida ao vivo, gerou debates sobre o papel do jornalismo em situações críticas. A forma como os eventos foram apresentados moldou a percepção pública sobre o ocorrido, levantando questionamentos sobre a responsabilidade da mídia ao expor eventos violentos.
Um dos aspectos mais intrigantes de "Setembro 5" é a análise do processo de cobertura jornalística em meio a circunstâncias extremas. Desde a decisão de Jennings de assumir a transmissão, o filme explora as limitações técnicas, as dificuldades logísticas e os dilemas éticos enfrentados pela equipe da ABC. Em situações de alta tensão, cada escolha – sobre o que mostrar ou omitir – poderia ter consequências fatais para as vítimas.
Com apenas o produtor Geoff Mason (John Magaro) ao seu lado, Jennings relata o que observa do prédio da imprensa. Mason, ao ser o primeiro a ouvir os tiros vindos da vila olímpica, entra em contato com a sede da ABC nos Estados Unidos e, posteriormente, com o presidente da ABC Sports (Peter Sarsgaard), obtendo permissão para transmitir os acontecimentos, mesmo sem ser uma equipe especializada em reportagens ao vivo. O diretor detalha as decisões de cada envolvido, questionando até que ponto o jornalismo deve se limitar a relatar os fatos ou se é válido incluir perspectivas políticas e éticas.
Divulgação | Paramount Pictures |
"Setembro 5" destaca o papel da equipe como testemunha direta de um evento histórico. O filme examina desde a tentativa de entender as motivações dos terroristas até a garantia de que as informações fossem transmitidas de forma precisa e responsável. Trata-se de uma reflexão profunda sobre a ética jornalística e a responsabilidade dos repórteres com o público, especialmente à medida que a situação dos reféns se torna mais caótica e violenta.
Diferentemente de outras produções com temáticas semelhantes, o filme humaniza os jornalistas, apresentando-os como pessoas falíveis. A dinâmica da redação é marcada por decisões de última hora, conflitos e erros. Gradualmente, no entanto, a equipe compreende que seu trabalho é a principal maneira de informar o mundo sobre o que está acontecendo. Isso os leva a assumir responsabilidades que vão além de ambições profissionais ou preferências políticas.
A direção de fotografia de Markus Förderer contribui para capturar a intensidade do momento, retratando a desordem em salas de redação, discussões acaloradas e debates éticos quase violentos. A câmera alterna entre uma perspectiva subjetiva e uma visão de testemunha privilegiada, intensificando o impacto emocional do filme.
No centro desse turbilhão está um drama humano que "Setembro 5" não ignora. O longa-metragem se destaca ao apresentar um evento histórico grave sob um ponto de vista único, evidenciando como o jornalismo molda a maneira como o mundo compreende acontecimentos marcantes. A responsabilidade de informar é tratada como o ponto crucial da narrativa, resultando em uma abordagem instigante e necessária.
"Setembro 5" estreia em 30 de janeiro nos cinemas nacionais.
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