Crítica | Lobisomem - Em um roteiro caótico, se destaca quando coloca o espectador diretamente na perspectiva do Lobisomem.

Divulgação | Universal Pictures

TítuloWolf Man (Título original)
Ano produção2023
Dirigido por
Leigh Whannel
Estreia
16 de janeiro de 2025 (Brasil)
Duração 110 Minutos
Classificação16 - Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Terror - Horror
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Neste arrebatador conto de horror, um homem deve lutar para proteger a si mesmo e sua família quando eles se tornam alvos de um lobisomem mortal. À medida que a lua cheia ilumina a noite, o grupo é perseguido, aterrorizado e assombrado por uma criatura que personifica seus piores pesadelos.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 6/10

No lado positivo, "Lobisomem" aborda o mito do monstro de uma maneira inovadora. Ao contrário das convenções habituais de ciclos lunares, balas de prata e maldições, o filme de Leigh Whannel se inspira em 'A Mosca (1986)' de David Cronenberg, retratando a licantropia como uma infecção grotesca que transforma seu hospedeiro em um híbrido repulsivo de humano e animal. Os dentes e cabelos de Blake (interpretado por Christopher Abbott) começam a cair, substituídos por novas versões adequadas a um predador, enquanto seus músculos e tendões se reorganizam sob uma pele cada vez mais úmida e marcada por varíolas. O design da criatura no filme mantém a essência de "homem-lobo peludo com presas", reminiscente do original, mas a transformação de Blake é mais angustiante do que assustadora, evocando uma doença degenerativa.

Mais perturbador do que sua metamorfose física é a rápida regressão mental de Blake. Enquanto seus sentidos se intensificam — uma simples aranha soa como um touro furioso para seus ouvidos caninos, e seus olhos sensíveis transformam a floresta noturna em um cenário fosforescente digno de Pandora — Whannel retrata isso mais como um efeito colateral incidental do que uma troca legítima pela humanidade que o personagem está perdendo. Utilizando efeitos visuais vívidos para ilustrar a perspectiva do protagonista condenado, o filme observa impotente enquanto Blake se afunda em um submundo sensorial que o separa cada vez mais de sua esposa Charlotte (interpretada por Julia Garner) e sua filha Ginger (Matilda Firth). Logo, sua capacidade de falar e entender a linguagem desaparece, enquanto Charlotte e Ginger começam a se parecer com figuras assustadoras, quase como bonecas, suas palavras confusas incompreensíveis e suas expressões vazias indecifráveis. Esta deterioração da comunicação humana talvez seja o toque de terror mais eficaz do filme, colocando o espectador diretamente na perspectiva do Lobisomem.

Divulgação | Universal Pictures

Em outros aspectos, "Lobisomem" é irregular na melhor das hipóteses. Embora seja atmosférico, nunca consegue escapar da sua essência de um homem rosnando em próteses, correndo de quatro patas. A inquietação do diretor é evidente na mecânica sem objetivo da trama, movendo a família em pânico de um lugar para outro sem razão lógica além da necessidade de mudar a geografia da cena. Mais irritantemente, a caracterização em "Lobisomem" é fraca demais para sustentar o peso emocional que o roteiro tenta alcançar. O texto parece pesado e desnutrido, declarando ineptamente o que poderia ser estabelecido de maneira mais sutil. O espectador simplesmente não passa tempo suficiente com essa família para que a dor da sua desintegração repentina e rápida tenha um impacto profundo.

A maior parte das falhas de "Lobisomem" pode ser atribuída ao roteiro, que parece ter passado por muitas reescritas. O filme luta para decidir qual abordagem tomar em relação à lenda do Lobisomem. É sobre o ciclo de violência emocional transmitido por pais superprotetores? Ou trata da mutação de um protetor benevolente? Ou ainda da crueldade de uma doença que consome nossos entes queridos diante dos nossos olhos? "Lobisomem" sugere todas essas interpretações, mas não sustenta verdadeiramente nenhuma delas, preferindo manipular a simpatia do público de forma grosseira e pouco eficaz ("Olhe, a garotinha está triste porque o papai está doente. Logo, você deve se sentir triste também."). Essa falta de foco se revela como o ponto fraco do filme, uma falha fatal em um subgênero que deveria explorar a selvageria inerente à humanidade.

"Lobisomem" estreia amanhã nos cinemas nacionais.

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