Divulgação | Universal Pictures |
Título | Nosferatu (Título original) |
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Ano produção | 2023 |
Dirigido por | Robert Eggers |
Estreia | 02 de janeiro de 2025 (Brasil) |
Duração | 132 Minutos |
Classificação | 16 - Não recomendado para menores de 16 anos |
Gênero | |
País de Origem | Estados Unidos |
Sinopse
Em mais uma adaptação do clássico Nosferatu, filme mudo de 1922, seguimos o vampiro Conde Orlok - Inspirado em ?Drácula? - que quer comprar uma casa na Alemanha, mas acaba se apaixonando pela esposa do corretor de imóveis.
• Por Alisson Santos
• Avaliação - 10/10
A figura de Nosferatu é um ícone atemporal do cinema de horror, tendo percorrido uma fascinante trajetória ao longo das décadas. Desde a marcante interpretação de Max Schreck no clássico expressionista 'Nosferatu (1922)', dirigido por F. W. Murnau, até a versão reimaginada por Klaus Kinski sob a direção de Werner Herzog em 1979, o personagem sempre foi uma representação singular do vampirismo. Distante da idealização da imortalidade, Nosferatu é retratado como uma criatura monstruosa cuja existência é marcada por violência, sofrimento e maldição, elementos que tornaram sua presença na Terra um verdadeiro fardo.
Em sua nova versão, dirigida por Robert Eggers, o personagem é mergulhado em uma atmosfera de desgraça e beleza sombria. O novo “Nosferatu”, se apresenta como um épico gótico, misturando horror, sensualidade e uma narrativa carregada de simbolismo. A sede de sangue do protagonista, encarnado por Bill Skarsgård, ganha contornos ainda mais perturbadores, transformando-se em um delírio sobrenatural que captura tanto o temor quanto o fascínio da audiência.
Eggers, também responsável pelo roteiro, presta homenagem à obra original de F. W. Murnau e ao romance de Bram Stoker, que inspirou a história, mas faz uma releitura mais profunda e fiel ao texto literário. O Conde Orlok surge como um ser calculista, pérfido e antigo, que desafia a humanidade com poderes assustadores e uma inteligência letal. Eggers explora, com sutileza e intensidade, os traços míticos do vampiro e seus vínculos com o ocultismo e as lendas da Idade Média.
Ellen Hutter, interpretada por Lily-Rose Depp, se afasta do arquétipo de donzela vitoriana para encarnar uma personagem ao mesmo tempo vulnerável e fascinante. Sua aparente loucura, mesclada com um dom de clarividência, torna-a uma figura complexa, evocando a jovem Thomasin (Anya Taylor-Joy) de 'A Bruxa (2015)', também de Eggers. No entanto, Depp confere a Ellen uma profundidade própria, retratando-a como uma mulher irresistível e trágica, cujo papel central será o motor do conflito contra o vampiro.
Já Thomas Hutter, vivido por Nicholas Hoult, é uma versão renovada de Jonathan Harker, o jovem advogado que viaja à Transilvânia para negociar com Orlok. Hoult traz camadas de emoção e ambição ao personagem, mostrando um homem dividido entre o amor por Ellen e a busca por sucesso. Além disso, a voracidade e o instinto possessivo que a mulher que ama desperta nele. Essa relação conflituosa se intensifica com a chegada do vampiro, cuja presença ameaça destruir tudo ao seu redor.
Divulgação | Universal Pictures |
O cenário criado por Eggers é uma mistura de fantasia e pesadelo, um prelúdio para o inferno. A Transilvânia é representada como um território desolado e sombrio, quase onírico, onde a natureza selvagem reflete a essência macabra de Orlok. Com uma direção de arte detalhista e fotografia desoladora, Eggers insere referências diretas ao filme de 1922, utilizando símbolos sobrenaturais para anunciar a chegada do monstro.
O pacto entre Thomas e Orlok carrega ecos do mito faustiano, onde o desejo por conhecimento e poder leva à corrupção e à ruína. À medida que a trama avança, surge a resistência ao vampiro, liderada pelo Dr. Wilhelm Sievers (Ralph Ineson) e o enigmático alquimista Albin Eberhard Von Franz (Willem Dafoe). Juntos, eles formam um grupo improvável, lutando para impedir que Ellen seja consumida pela escuridão de Orlok.
Skarsgård entrega uma performance magistral como o vampiro, equilibrando o grotesco e o carismático. Sua interpretação homenageia a aparência cadavérica de Max Schreck, mas adiciona uma aura de fascínio letal, tornando Orlok uma figura trágica e hipnotizante. O personagem não busca redenção; ao contrário, é um predador implacável que personifica o horror em sua forma mais pura.
Eggers conduz a narrativa com maestria, entrelaçando elementos de horror, erotismo e melancolia. O clímax é um confronto grandioso, repleto de simbolismos e reviravoltas emocionais, culminando em um desfecho violento e impactante. As cenas finais reforçam o tom gótico do filme, deixando uma impressão duradoura em quem o assiste.
No fim, “Nosferatu” não é apenas uma história de terror, mas uma fábula sombria sobre a corrupção do amor, a busca desenfreada pelo desejo e o conflito entre luz e trevas. Para os amantes do cinema gótico e do horror visceral, Eggers entrega uma obra-prima que combina elegância e brutalidade, destinada a ocupar um lugar especial na história do gênero.
"Nosferatu" estreia em 02 de janeiro nos cinemas nacionais.
Um esculacho de análise. Robert Eggers não erra.
ResponderExcluirGosto muito do cinema do Robert Eggers, pela forma que ele usa o erotismo como catalisador de enredo.
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