Crítica | Mufasa: O Rei Leão - O filme é suficientemente agradável para que crianças e adultos se divirtam, embora não justifique uma visita obrigatória aos cinemas.
Divulgação | Walt Disney Pictures |
Título | Mufasa: The Lion King (Título original) |
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Ano produção | 2023 |
Dirigido por | Barry Jenkins |
Estreia | 19 de dezembro de 2025 (Brasil) |
Duração | 120 Minutos |
Classificação | 10 - Não recomendado para menores de 10 anos |
Gênero | |
País de Origem | Estados Unidos |
Sinopse
"Mufasa: O Rei Leão" convoca Rafiki para contar a lenda de Mufasa à jovem filhote Kiara, filha de Simba e Nala, com Timão e Pumba dando seus toques pessoais. Contada em flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até conhecer um simpático leãozinho chamado Taka, o herdeiro de uma linhagem real. O encontro casual dá início a uma jornada transformadora de um grupo extraordinário de desajustados em busca de seus destinos, cujos laços serão testados enquanto trabalham juntos para escapar de um inimigo ameaçador e mortal.
• Por Alisson Santos
• Avaliação - 6/10
É difícil olhar para "Mufasa: O Rei Leão" e não pensar que é um dos filmes mais dispensáveis dos últimos tempos. Trata-se de derivado da animação original, inspirado em um livro canônico da Disney. O filme foca na origem do Rei Mufasa e seu irmão vilão, Scar. Não há muita clareza sobre por que essa história precisava ser contada, mas é fácil imaginar que a motivação principal tenha mais a ver com os bilhões de dólares que o remake de Jon Favreau arrecadou nos cinemas do que com uma real necessidade narrativa.
Porém, ao assistir "Mufasa: O Rei Leão", ainda que seja claro que não há razão não financeira para sua existência, é possível perceber que ele tem méritos. A animação em CGI é de fato bem-feita, embora o filme não se aproxime da grandiosidade narrativa da animação original. Ele consegue entregar um entretenimento familiar satisfatório. Quando comparado com outros lançamentos da Disney em 2024, como a decepcionante 'Moana 2", "Mufasa: O Rei Leão" se sai melhor, embora ainda fique aquém de uma produção notável, como 'Divertida Mente 2'. O fato de eu ter mencionado três sequências em uma frase é uma indicação clara de onde estão os verdadeiros problemas criativos da Disney atualmente ou do público, visto que são vocês que ajudam financiar esses filmes.
A trama acompanha o jovem Mufasa, um órfão resgatado por Taka, filho e herdeiro de um bando. Quando uma invasão liderada por um leão branco ameaça seu território, os irmãos adotivos partem em uma jornada em busca de segurança além das montanhas. A história, apesar de simples, serve como pano de fundo para a exploração visual e emocional que o filme propõe.
O maior ponto forte de "Mufasa: O Rei Leão" é sua estética. O diretor Barry Jenkins e o diretor de fotografia James Laxton investiram em uma abordagem visual que lembra filmes live-action, utilizando ângulos e técnicas de edição para criar uma experiência cinematográfica impressionante. Cada cena é cuidadosamente composta, o que torna o filme visualmente cativante e dramaticamente eficaz. A escolha de uma abordagem tão cinematográfica faz sentido, já que foi 'O Rei Leão' que, mais do que qualquer outro filme de animação, ajudou a definir o padrão de animações épicas com seu formato widescreen.
Divulgação | Walt Disney Pictures |
Os novos personagens são, na maioria, bem aproveitados. O pai de Taka, Obasi, exibe uma autoridade paterna, e sua mãe, Eshe, apesar de ter pouco tempo de tela, oferece uma presença sólida. Kiros é um vilão ameaçador, embora a presença do leão branco levante algumas questões sobre possíveis inspirações na figura de Kimba (quem pesquisar, encontrará semelhanças). Mufasa é uma figura carismática, digna de seu legado, enquanto Taka, um personagem que, apesar de interessante, é previsivelmente moldado para se tornar o temido Scar, o que enfraquece um pouco o mistério do arco. O maior ponto acertivo é Rafiki, ele ganha mais tempo de tela do que no filme original e se torna um personagem crucial para conectar as diferentes partes da trama.
As músicas de Lin-Manuel Miranda, no entanto, falham em deixar uma impressão duradoura. Embora sejam competentes, não há nenhuma canção que se destaque ou que se aproxime da magnitude das músicas do clássico de 1994, todas são esquecíveis. Assistir a leões fotorrealistas cantando músicas de amor é certamente uma experiência visualmente desagradável, e é provável que o filme fosse mais forte sem os números musicais.
Barry Jenkins brilha quando trabalha com material novo. Sempre que o filme faz referência ao original, seja por meio de imagens, músicas ou elementos narrativos, essas conexões parecem forçadas e diminuem o impacto da história. Isso sugere uma falta de confiança por parte da Disney, que parece depender demais da nostalgia e dos personagens conhecidos. A inclusão de Timão e Pumba, por exemplo, parece uma jogada de marketing, mais do que uma contribuição verdadeira para a narrativa.
Em resumo, "Mufasa: O Rei Leão" não é um filme necessário, mas, apesar disso, oferece um entretenimento agradável. Não precisávamos esperar quatro anos para que Barry Jenkins, um cineasta talentoso, se dedicasse a esse projeto (seus filmes anteriores, 'Moonlight: Sob a Luz do Luar' e 'Se a Rua Beale Falasse', foram aclamados), mas, no final das contas, o tempo não foi desperdiçado. O filme é suficientemente agradável para que crianças e adultos se divirtam, embora não justifique uma visita obrigatória aos cinemas.
"Mufasa: O Rei Leão" já está disponível nos cinemas nacionais.
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