Crítica | Duna: A Profecia - Episódios 1 e 2

Divulgação | Max 
TítuloDune: Prophecy (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porAlison Schapker 
Estreia
17 de novembro de 2024 (Mundial)
Duração 6 Episódios
Classificação16 - Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Ficção Científica - Fantasia 
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Na série, em um futuro distante, o universo é governado por um império intergaláctico feudal em constante expansão, e cada feudo é controlado por uma Casa Nobre. Em meio a toda essa organização, surge a Bene Gesserit, um grupo misterioso de mulheres, com extraordinário domínio do corpo e da mente.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 7/10

2024 foi um ano de destaque para bruxas em séries. Agora, "Duna: A Profecia" está aqui para entregar um vislumbre de algumas das maiores bruxas da ficção científica: as Bene Gesserit. Com seu controle quase sobrenatural sobre suas mentes e corpos, as Irmãs Bene Gesserit são um dos elementos mais icônicos do universo de Duna. Tradicionalmente, porém, elas operam nas sombras, manipulando a política do Império. O fato de elas conseguirem causar tanto impacto narrativo, tanto nos romances originais de Duna quanto nos filmes, fala muito sobre sua influência. Portanto, não deve ser surpresa que elas brilhem sob os holofotes diretos que "Duna: A Profecia" lança sobre elas. A série não apenas aprofunda nossa compreensão das Bene Gesserit, mas também nos joga em um mundo de ficção científica meticulosamente trabalhado que encontra o equilíbrio perfeito entre a intriga palaciana e a estranheza cósmica que compõem essa ficção científica hard.

Inspirado por Irmandade de Duna: Escolas de Duna de Brian Herbert (filho de Frank Herbert) e Kevin J. Anderon, "Duna: A Profecia" começa mais de 10.000 anos antes do nascimento de Paul Atreides. Isso significa que o Império das Grandes Casas que vemos na série é bem diferente do que conhecemos dos romances originais de Frank Herbert e dos filmes de David Lynch e Denis Villeneuve. E embora nomes familiares como Atreides, Harkonnen e Corrino apareçam, eles não são bem as famílias com as quais você está acostumado. Neste ponto do tempo, o Império ainda está se recuperando da Jihad Butleriana, um período de guerra nos anos de 201 BG até 108 BG, em que os humanos e as máquinas batalhavam pela galáxia. Basicamente, após dominarem o espaço, as máquinas pensantes, IAs e qualquer forma não-humana com raciocínio iniciaram um conflito com os humanos, isso proibiu o uso de tecnologia no Universo de Duna.

Desde então, novas formas de poder surgiram para preencher o vácuo deixado pelas máquinas pensantes. Entre elas estão as Bene Gesserit, conhecidas por enquanto simplesmente como "a Irmandade", que ainda não cresceram para a força que são nos tempos de Paul Atreides. Essas Irmãs ainda exercem grande influência, servindo às Grandes Casas como Reveladoras da Verdade. No entanto, habilidades como a Voz controladora ainda não se tornaram a norma, e o projeto de criação do Kwistatz Haderach não está em andamento.

Liderando a Irmandade está a Madre Superiora Valya Harkonnen (Emily Watson), que está determinada a usar seu status para empurrar os limites do que significa ser humano. Ela também deseja aumentar o poder da Irmandade no Império, conspirando com sua irmã Tula (Olivia Williams) para colocar uma Irmã no trono. O que motivou toda essa conspiração? Uma profecia da fundadora da Irmandade, Madre Raquella (Cathy Tyson), que previu a vinda de um terrível tirano que colocaria a Irmandade de joelhos. No entanto, após um ataque brutal abalar a Irmandade, Valya se vê diante de uma questão assustadora. Será que todo o seu trabalho para melhorar a posição da Irmandade no Império pode estar causando a destruição que a Mãe Raquella a alertou?

Divulgação | Max

As preocupações de Valya com a profecia são apenas um ramo da narrativa extensa de "Duna: A Profecia". Em outro lugar, o Imperador Javicco Corrino (Mark Strong) luta para manter o controle sobre o planeta Arrakis. Ele também acolhe o carismático soldado Desmond Hart (Travis Fimmel), que odeia a Irmandade, causando atrito com Valya e sua filha Ynez (Sarah-Sofie Boussnina), que espera um dia ser uma Irmã.

Enquanto isso, as jovens acólitas da Irmandade passam por um rigoroso treinamento físico e mental. Algumas, como a Irmã Jen (Faoileann Cunningham), questionam o controle da Irmandade sobre seus membros. Outras, como a Irmã Theodosia (Jade Anouka) ou a Irmã Lila (Chloe Lea), permanecem ferozmente leais, mesmo que isso signifique se esforçar além de seus limites. Mas elas fazem essas escolhas por livre e espontânea vontade? Ou são apenas peões da profecia? Essas muitas histórias entrelaçadas são muito para absorver, especialmente quando combinadas com essa ficção científica hard. Além disso, uma verdadeira bomba de exposição nos primeiros 10 minutos da série é o suficiente para fazer parecer que "Duna: A Profecia" é acessível apenas para os amantes hardcore de Duna.

No entanto, depois de passar por essas cenas iniciais pesadas de exposição, "Duna: A Profecia" se desenrola em um épico de ficção científica deliciosamente variado com um pouco de tudo para todos. Se você ama maquinações políticas, será abençoado com cena após cena de esquemas e negociações. Sério, "Duna: A Profecia" é o mais próximo que a HBO chegou da ideia de Game of Thrones... no espaço! Falo isso até no aspecto de tensão sexual, cuja função aqui é pouco funcional para narrativa. E, claro, se você está procurando por algumas das maravilhosas estranhezas da ficção científica hard de Duna, você está com sorte. "Duna: A Profecia" entrega uma variedade de visões estranhas das Irmãs, em alguns casos até eclipsando as interpretações de Villeneuve sobre os poderes internos da Bene Gesserit. Além disso, recebemos a visita ocasional do temível verme da areia, cujas aparições nunca parecem easter eggs gratuitos, mas sim uma parte fundamental da história que está por vir. 

Também é um deleite voltar no tempo, já que "Duna: A Profecia" oferece alguns dos cenários e figurinos mais impressionantes desse ano. Entre os suntuosos corredores do palácio do Imperador Corrino, a biblioteca austera da Irmandade e os prazeres nebulosos de um antro de especiarias, cada ambiente é nada menos que inspirador. Destaque também para os efeitos visuais impressionantes. Tecnicamente, é um primor.

Com tanta história suculenta para desempacotar, é quase fácil ignorar as maiores falhas de "Duna: A Profecia". Novamente, seus primeiros minutos são uma enxurrada de pontos narrativos que mal dão tempo para você mergulhar no mundo. Também existem muitos personagens no escopo central, que na minha visão, é quase impossível essa série conseguir desenvolver em seis episódios. No geral, porém, a showrunner Alison Schapker navega habilmente pelos campos minados que vêm com a adaptação de qualquer coisa relacionada com esse universo. "Duna: A Profecia" possui sua própria identidade e não precisa se escorar no belíssimo trabalho de Denis Villeneuve.

"Duna: A Profecia" estreia em 17 de novembro, às 22h, na HBO e na Max.

Comentários

  1. Creio que será interessante de acompanhar, visto que o livro é mediano e devem fazer adaptações.

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