Por que Coppola autofinanciou Megalópolis?

Divulgação | O2 Play

• Por Alisson Santos 

Megalópolis, novo longa do visionário diretor e roteirista vencedor do Oscar, Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão), é uma superprodução de U$ 120 milhões, autofinanciada pelo premiado diretor. A ideia para o longa-metragem surgiu quando ele terminou as filmagens de 'Apocalypse Now' (um de seus filmes mais conhecidos), no final da década 70. Inicialmente, era um projeto sobre o porquê e o sentido da existência, de acordo com o próprio diretor em entrevista para a Film Comment em 1983.

O longa só foi sair do papel após mais de quatro décadas por diversas razões, mas a principal delas é a importância pessoal do filme para Coppola. Megalópolis trata de temas importantes e complexos como política, poder e a condição humana, e o premiado diretor desejava ter controle total sobre a produção e a narrativa, evitando a influência de estúdios, ou investidores externos que poderiam alterar sua visão criativa. Por isso, para que seu projeto dos sonhos saísse do papel como ele desejava que o público a visse, Coppola decidiu autofinanciar o projeto, garantindo que o filme refletisse seu ponto de vista pessoal, assim como já havia feito em 'Apocalypse Now'.

COMO ELE CONSEGUIU FINANCIAR UM FILME DE U$ 120 MILHÕES?

O diretor é um dos maiores produtores de vinho da Califórnia desde 2010. Sua marca de vinho é uma das mais vendidas dos Estados Unidos, então o negócio vale um bom dinheiro. Em 2021, Coppola vendeu parte de seu negócio de vinícola por um valor estimado em cerca de U$ 500 milhões, para dar a ele os U$ 120 milhões que ele precisava para gastar nas filmagens de Megalópolis.

Ao vender U$ 500 milhões de seu próprio negócio, Coppola conseguiu gastar US$ 120 milhões sem correr o risco de falência. Ele se certificou de que poderia perder tudo o que gastasse. De acordo com o diretor, o tamanho do negócio significa que ele ficará "bem" mesmo com o inevitável fracasso financeiro de Megalópolis.

O ACORDO DE DISTRIBUIÇÃO COM A LIONSGATE

Os gastos de Coppola com Megalópolis não pararam nos U$ 120 milhões que ele gastou na produção, ele teve que cobrir os custos de marketing também. Coppola inicialmente esperava garantir um acordo de distribuição que exigisse que o distribuidor cobrisse as despesas de marketing, mas quase todos os distribuidores em Hollywood recusaram essa perspectiva, porque o filme não é comercial e dificilmente conseguiria cobrir qualquer gasto mínimo de marketing. Quando ele lutou para encontrar um distribuidor que concordasse com esses termos, Coppola comprometeu suas exigências. Isso o levou a finalmente fechar um acordo de distribuição na Lionsgate, mas esse acordo veio com algumas contingências.

A Lionsgate fechou um acordo de distribuição para Megalópolis, mas o acordo estipulava que Coppola teria que pagar por uma campanha de marketing robusta avaliada em algo entre U$ 15 e U$ 20 milhões. A Lionsgate também receberá U$ 4 milhões, independentemente do resultado do filme nos cinemas dos Estados Unidos/Canadá, para cobrir os custos do lançamento nas 1.500 salas que o filme estreou na América do Norte.

Megalópolis estreia nos cinemas nacionais em 31 de outubro, com distribuição da O2 Play.

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