Crítica | A Hora do Vampiro - É uma adaptação vazia e pouco engenhosa, sem qualquer senso de urgência.

Divulgação | Max

TítuloSalem's Lot (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porGary Dauberman
Estreia
03 de outubro de 2024 (Brasil)
Duração 113 Minutos
Classificação16 - Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Terror - Mistério
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

O escritor Ben Mears retorna à cidade natal em busca de inspiração para seu próximo livro. Lá, ele descobre que os habitantes locais estão misteriosamente se transformando em vampiros.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 4/10

"A Hora do Vampiro", adaptação do livro de Stephen King do mesmo nome, tem uma abundância de personagens, com o roteirista e diretor, Gary Dauberman, aparentemente desinteressado em posicionar um grupo na frente e no centro desta adaptação. Em vez disso, o filme salta entre eles, variando de adultos a crianças, muitas vezes esquecendo de desenvolver qualquer um desses personagens ou explicar quem eles são e porque devemos nos importar com eles. Se isso é uma casualidade para tentar adaptar o romance inteiro em um filme de 113 minutos ou apenas uma produção cinematográfica incompetente é assunto para debate, mas uma coisa é certa, "A Hora do Vampiro" é uma adaptação vazia e pouco engenhosa, sem qualquer senso de urgência. O trailer é melhor do que o filme. 

Passando-se em uma cidade pitoresca, como todos os romances de Stephen King, há um interesse pessoal do diretor na ambientação, exibindo o máximo de estabelecimentos e locais possível. De certa forma, isso tira tempo que poderia ser gasto no desenvolvimento dos personagens, porque o cenário não é atrativo para você investir nessa ambientação. Entre essas lojas está uma nova loja de móveis aberta por Barlow e seu parceiro de negócios Straker (Alexander Ward e Johan Philip Asbæk), com o primeiro sendo secretamente um vampiro e tendo o outro fazendo suas ordens. Levando várias vítimas para uma mansão que se acredita ser mal-assombrada pelos moradores locais.
 
Enquanto isso, o autor Ben Mears (Lewis Pullman) retorna à cidade pela primeira vez desde a infância, não tendo se sentido bem lá desde jovem e procurando resgatar um pouco dessa inquietação enquanto entra em contato com suas raízes para um novo livro. Ele faz amizade com o professor da escola local Matt Burke, enquanto aprende sobre a cidade com um potencial interesse amoroso em Susan Norton (Makenzie Leigh). O primeiro encontro deles é ter experiências de cinema drive-in que intrigantemente funcionam como uma maneira eficaz para ela apontar outras pessoas notáveis na cidade e suas personalidades, embora o diálogo seja extremamente expositivo.

Em outro lugar, um grupo de crianças, que ocasionalmente sofrem bullying, ocupam o outro lado da narrativa. O mais significativo do grupo é Mark Petrie (Jordan Preston Carter), que é destemido e não tem medo de dar um bom soco nesses valentões. É uma performance funcional, pois torna futuramente sua luta pela sobrevivência contra vampiros mais natural. Em uma cidade onde pessoas boas são aparentemente uma raça em extinção, Mark é alguém para se admirar, fazendo os adultos aqui parecerem covardes em comparação. É uma performance que me fez desejar que o filme fosse centrado nas crianças. Porque todas cenas que envolvem essa crianças, incluindo uma das mais marcantes do filme, um sequestro filmado através de silhuetas em uma floresta, são onde o filme minimamente se encontra.

Divulgação | Max

Em vez disso, o filme se esforça para tentar fazer seu drama adulto funcionar, o que também envolve a mãe de Susan ficando cada vez mais irritada por ela estar considerando namorar um estranho em vez de qualquer um dos homens que ela sugere. O ponto que eventualmente tenta ser feito aqui parece mais involuntariamente cômico do que nitidamente satírico sobre o aspecto do controle maternal. Durante isso, há também uma busca pelas crianças desaparecidas, exceto que a narrativa aqui está tentando colocar tanta coisa em movimento que a passagem do tempo dificilmente é sentida.

Eventualmente, todos unem forças, incluindo uma médica interpretada por Alfre Woodard, avaliando se acreditam ou não que algo sobrenatural está acontecendo. Logo depois, eles se encontram lutando contra vampiros e tentando evitar serem transformados, assim como algumas das crianças. Tudo leva a um confronto naquele cinema drive-in, mas isso se deve principalmente à necessidade de adicionar uma cena de ação, mas isso é infuncional, pois eu não estava preocupado com 90% desses personagens, o que parece um insulto a uma adaptação de Stephen King, que sempre foi conhecido pela sua capacidade em fazer o leitor se envolver pelo lado humano. Nada disso é ajudado por efeitos visuais e práticos que parecem saídos diretamente das séries de TV dos anos 2000.

Finalizando, "A Hora do Vampiro", a mais recente ressurreição cinematográfica de um dos primeiros romances de Stephen King, se entrega a tropos de gênero em vez de refrescar o material de maneiras significativas. Possui breve momentos eficazes, mas luta para desenvolver os personagens e o contexto geral para transformar essa adaptação em algo envolvente.

"A Hora do Vampiro" já está disponível na Max.

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