Crítica | Agatha Desde Sempre - Foi melhor do que eu esperava, principalmente até o sétimo episódio, mas infelizmente precisa continuar fazendo essa roda do universo cinematográfico girar, isso enfraquece narrativamente os episódios finais da série.

Divulgação | Disney+

TítuloAgatha All Along (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porJac Schaeffer, Gandja Monteiro e Rachel Goldberg
Estreia
18 de setembro de 2024 (Mundial)
Duração 9 Episódios
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Fantasia
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Na trama, uma nova série de tragédias assola Westview, deixando Agatha enfraquecida e desmotivada. No entanto, sua sorte muda quando um adolescente gótico misterioso a liberta de um feitiço distorcido e a convence a guiá-lo pela lendária Estrada das Bruxas, uma jornada mágica repleta de provações.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 6/10

Todo esse mundo mágico de "Agatha Desde Sempre" surgiu de WandaVision, onde Feiticeira Escarlate e seu marido andróide se estabeleceram no mundo idílico de Westview, tentando viver uma vida suburbana comum sem revelar seus segredos para sua vizinha intrometida, Agnes, que não era o que parecia ser. Agnes, também conhecida como Agatha Harkness, interpretada por Kathryn Hahn, minimizou sua aura de bruxa na maior parte da série antes de liberar sua magia no clímax da maneira brilhante. A sólida personagem secundária logo se tornou uma estrela emergente e conseguiu uma série própria no UCM, explorando os truques e provações do Caminho das Bruxas, que concede o que mais se deseja (no caso de Agatha: Poder). A série faz um bom trabalho em amarrar alguns de seus mistérios e completar seus personagens, mas muitas outras questões importantes ficaram sem resposta.

O icônico Billy mantendo seu verdadeiro poder em segredo, Rio Vidal de Aubrey Plaza sendo a confirmação da Morte, foram alguns aspectos que mantiveram um mistério picante contado ao longo de uma dúzia de episódios, com pequenas pistas sendo jogada aos poucos e pontos ocasionais se juntando para dar volume aos obstáculos de Agatha enquanto coisas perturbadoras deixam você em choque. Mas um ponto que eu gostaria de comentar, é como "Agatha Desde Sempre" não parece uma série do UCM, ele possui uma vibe de Disney Channel. E isso não é um problema pra mim, na minha visão, isso é até um aspecto positivo, visto que muita dessa construção é funcional por não parecer um produto enlatado de um universo cinematográfico, bom, pelo menos até o seu final.

Dito isso, tivemos uma grande reviravolta nos episódios finais. Eu não esperava por isso nem um pouco, então fiquei surpreso quando Billy percebeu que ele usou seus poderes de distorção da realidade para criar o Caminho das Bruxas sem saber. Tal mãe, tal filho. Com essa revelação, muitos dos momentos mais peculiares da série de repente fazem todo o sentido, como Agatha perguntando a Billy se ele tinha certeza de que nunca mataria para conseguir o que queria. Também tivemos uma sequência da história de fundo de Agatha no episódio final, no qual descobrimos como ela criou a balada enquanto criava seu filho Nicholas Scratch, isso realmente mostra o quão intrincadamente tramado "Agatha Desde Sempre" foi desde o início.

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Infelizmente, enquanto a história principal aterrissou lindamente, algumas das subtramas não se saíram tão bem. Por que Agatha se sente tão culpada por perder Nicholas Scratch quando não foi culpa dela que ele morreu, essencialmente, de causas naturais? Colocaram tanto peso na morte do Nicholas e não existe absolutamente nada por trás disso, ele só morreu. Não teve troca por poder, não teve Darkhold, não teve nada. Quem poderia culpá-la por ser uma mãe que queria passar o tempo que pudesse com seu filho? 

Também não descobrimos por que a mãe de Agatha estava totalmente convencida de que sua filha nasceu má. Isso pode ter pelo menos explicado por que Agatha estava bem em assassinar inúmeros de sua própria espécie ao longo dos séculos. Eu me vi esperando por uma grande revelação que me faria pelo menos simpatizar com o motivo pelo qual Agatha acabou sendo uma assassina tão implacável, mas essa resposta nunca veio. Parece que a série está perdendo uma peça vital do quebra-cabeça de Agatha e, como resultado, alguns dos momentos emocionais no final não chegam com tanto vigor quanto deveriam. Isso me lembra o final de WandaVision, no qual parecia estranho que Wanda não enfrentasse nenhuma consequência por sequestrar e torturar uma cidade inteira. "Agatha Desde Sempre" me deixa com a mesma sensação, alguns pontos crucialmente necessários estão frustrantemente ausentes.

Dito isso, o tratamento geral da morte como conceito da série é bem feito. De Alice comentando como parece injusto que sua vida tenha terminado quando estava prestes a começar um novo capítulo, a Agatha lidando com a perda traumática de seu filho, a série não poupa esforços quando se trata de explorar como processamos a inevitabilidade da morte. Ver Billy processar como ele foi responsável pelas mortes de Sharon, Alice e Lilia, foi tocante. O fato de Billy ter matado acidentalmente três pessoas com seus poderes parece algo que o seguirá por muito tempo enquanto ele continua sua jornada no UCM.

Minhas considerações finais são, essa provações foram muito divertidas, o aspecto cômico é funcional, as performances de Joe Locke, Aubrey Plaza, Patti Lupone, Sasheer Zamata, Ali Ahn e Debra Jo Rupp são excelentes, belíssima dinâmica de elenco e tem o ar glorioso de algo moldado por pessoas que sabem exatamente o que estão fazendo, aonde querem ir e como chegar lá. "Agatha Desde Sempre" foi melhor do que eu esperava, principalmente até o sétimo episódio, mas infelizmente precisa continuar fazendo essa roda do universo cinematográfico girar, isso enfraquece narrativamente os episódios finais da série, onde o fanservice se torna mais importante do que a substância.

Todos episódios de "Agatha Desde Sempre" estão disponíveis no Disney+.

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