Crítica | Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice - Ainda possui humor e loucura o suficiente para ser agradável, mas passa muito longe do original.

Divulgação | Warner Bros. Pictures

TítuloBeetlejuice Beetlejuice (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porTim Burton 
Estreia
05 de setembro de 2024 (Brasil)
Duração 105 Minutos
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Comédia de Terror
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Nesta nova história, retornamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se unem após uma tragédia familiar inesperada. Lydia Deetz (Winona Ryder) já é adulta e mãe da adolescente Astrid (Jenna Ortega), que repentinamente descobre a misteriosa maquete da cidade no sótão e abre, sem querer, o portal para a vida após a morte, mais uma vez virando a vida da família Deetz de ponta-cabeça com o ressurgimento do extravagante fantasma Besouro Suco (Michael Keaton).

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 5/10

Não há como reproduzir o espanto imaginativo do clássico Os Fantasmas se Divertem (1988). Ou, nesse caso, qualquer um dos filmes excepcionalmente estranhos de Tim Burton na década de 80, 90, incluindo seus dois primeiros filmes do Batman, Edward Mãos de Tesoura (1990) e Ed Wood (1994). Agora, mais de trinta anos depois que Besouro Suco se tornou um ponto alto geracional, Burton retorna com "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice", com a maioria de seus princípios corajosamente intactos. Também é apenas a segunda sequência dirigida por Burton, a última foi Batman Returns de 1992. Aqui ele está trabalhando com seus roteiristas de Wandinha, Alfred Gough e Miles Millar, junto com Seth Grahame-Smith, que coescreveu Sombras da Noite de 2012, ele criou um retorno para seu infame bioexorcista. Cheio de humor sombrio e fins que compõem uma narrativa aleatória e inconsequente, o espírito está definitivamente lá. Mas é difícil não acreditar que algo um pouco mais conciso não fosse possível.

A trilha sonora icônica de Danny Elfman nos guia pelos créditos de abertura até a imagem de Lydia Deetz (Winona Ryder) que se tornou uma famosa personalidade de televisão, que investiga casas mal-assombradas, comungando com os espíritos que atormentam os donos. Seu empresário, Rory (Justin Theroux), pretende se casar com ela e tenta controlar sua propensão por pílulas. As filmagens de Lydia são interrompidas por uma visão de Besouro Suco (Michael Keaton), que coincide com uma ligação de sua madrasta Delia (Catherine O'Hara) de que seu pai morreu. Ao pegar sua filha Astrid (Jenna Ortega) na escola, fica claro que mãe e filha têm um relacionamento tenso, principalmente devido à incapacidade de Lydia de se relacionar com o pai morto de Astrid, que morreu em uma expedição na Amazônia alguns anos antes. Durante o velório de seu avô, Rory propõe casamento a Lydia no Halloween, a apenas duas noites de distância. Fugindo da cena com revolta, Astrid encontra um jovem chamado Jeremy (Arthur Conti), e ele a convida para um encontro em sua casa. Enquanto isso, no meio de todo o drama da família Deetz, a ex de Besouro Suco, Delores (Monica Bellucci), uma morta desmembrada sugadora de almas, consegue se recompor depois que um zelador morto causa um acidente elétrico. Ela está em busca de seu ex-marido.

Divulgação | Warner Bros. Pictures

Michael Keaton, como fez em 1988, parece estar se deleitando com o trabalho vocal e a fisicalidade do demônio maluco, ainda desejando se casar com Lydia e retornar à terra dos vivos. Ele chega repleto de seu humor sombrio, elevando sem esforço a energia do filme sempre que está na tela. Mas ele parece um personagem coadjuvante entre todas essas subtramas presentes no filme.

Winona Ryder é definida unicamente por suas incapacidades de ser mãe de Astrid, com Ortega interpretando a versão diluída da persona de Wandinha. É como se Burton não conseguisse imaginá-las como seres lógicos e funcionais. Ainda assim, o enredo de Astrid tinha o potencial de ser o mais forte, com seu relacionamento tenso com sua mãe e sua tristeza por seu falecido pai. Havia uma centelha de algo ali que poderia ter dado início a uma sequência sólida, mas em vez disso não é dado tempo suficiente e é diluído por muitas tramas secundárias. Uma graça salvadora, como de costume, é Catherine O'Hara, cuja Delia é agora uma artista e carrega muito do humor funcional do filme. Bob, o zumbi ajudante do Besouro Suco, também é uma parte extremamente agradável do humor do filme. O drama estabelecido entre Lydia e Astrid tende a amortecer a energia diabólica do longa, assim como a melancolia de Ortega, incluindo o romance que ela tem com Jeremy antes de uma reviravolta previsível na trama.

Morte e casamento acabam sendo os dois catalisadores narrativos, cujo esboço faz com que o confronto do terceiro ato pareça dolorosamente óbvio bem antes de chegarmos lá. O enredo é absurdo, pois depende de muitos pedaços de exposição para explicar vários personagens principais que estão ausentes. O primeiro deles é Jeffrey Jones como o falecido Charles Deetz, cujo personagem é bastante substancial aqui, convenientemente sem cabeça para evitar a escalação de Jones e provavelmente reacender conversas sobre o passado criminoso do ator. O outro é Santiago Cabrera como um novo personagem morto-vivo que faz uma aparição no final, mas cuja ausência parece meticulosamente planejada.

Divulgação | Warner Bros. Pictures

Willem Dafoe é um ator morto que se especializou em interpretar policiais, particularmente em uma série de televisão chamada "Frank Hardballer", agora relegado a ser o chefão da unidade criminal do pós-vida. Dafoe costuma ser divertido, mas Burton não lhe dá muito o que fazer além de uma piada que fica mais obsoleta quanto mais eles insistem nela. Uma ofensa pior é o desperdício de Monica Bellucci, cujo arco é ridículo. Eu sinto que eles o apresentaram muito cedo sua história de ex-esposa de uma forma que deixou ela perdida ao longo do filme.

Embora o roteiro não ajude, Tim Burton felizmente investe na velha escola em muitos aspectos, a trilha sonora do compositor Danny Elfman é retumbantemente agradável e há uma abundância de efeitos práticos, com a ressalva de que alguns efeitos CGI (particularmente, uma cena digna de vergonha alheia com alguns influenciadores) não são tão graciosos e táteis. Retornamos às dunas de areia onde vagam vermes da areia em stop-motion e recebemos um visual infernal de um fantoche bebê Besouro Suco. Burton também referência o cinema italiano em uma determinada cena e faz uma tomada inteira em animação, mas por necessidade do que como um lampejo criativo.

Em termos de sequências de clássicos, certamente houve exemplos piores, e houve muito melhores. "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" ainda possui humor e loucura o suficiente para ser agradável, mas passa muito longe do original.

"Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" estreia quinta-feira (5) nos cinemas nacionais.

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