Crítica | Crepúsculo dos Deuses - Oito episódios de 30 minutos de derramamento de sangue, sexo abundante e narrativa mínima. Fujam para as montanhas, o Snyder chegou na puberdade.

Divulgação | Netflix

TítuloTwilight of the Gods (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porZack Snyder
Estreia
19 de setembro de 2024 (Mundial)
Duração 8 Episódios
Classificação18 - Não recomendado para menores de 18 anos
Gênero
Fantasia - Aventura - Ação
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Zack Snyder traz um olhar sangrento e audacioso da mitologia nórdica nesta série de animação para adultos sobre uma guerreira com um machado que desafia os deuses.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 5/10

O nome “Zack Snyder” evoca uma gama de emoções, dependendo da pessoa: tédio, excitação, esperança, perplexidade. Muitas dessas emoções se aplicam ao seu último projeto, uma adaptação animada da mitologia nórdica. "Crepúsculo dos Deuses" acompanha Sigrid, uma guerreira meio-gigante impetuosa, cujo casamento com Leif, Rei dos Völsung, é interrompido por uma visita de Thor, Deus do Trovão. Convencido de que seu irmão Loki se esconde entre eles, Thor exige que os aldeões entreguem o Deus da Mentira. Aquele povo não tem conhecimento de que Loki está entre eles e se recusa, dizendo que não temem Deuses. Em uma demonstração desproporcional de ira, Thor mata todos que vê e incendeia suas moradias. Leif e Sigrid sobrevivem, e ela jura que sua lança será a última coisa que Thor verá antes de morrer. Assim, seguem-se oito episódios de 30 minutos de derramamento de sangue, sexo abundante e narrativa mínima. Fujam para as montanhas, o Snyder chegou na puberdade.

Vocês já viram essa narrativa 1 milhão de vezes, essa familiaridade não é um problema se bem escrita. Mas, se você vai contar uma história que as pessoas já viram muitas vezes, o mundo e os personagens que você cria precisam ser muito mais envolventes. É aí que "Crepúsculo dos Deuses" falha. A série parece uma caricatura de Rebel Moon, todos os personagens possuem traços do último trabalho do Zack Snyder. Maldito seja, quem fez o Snyder acreditar que ele escreve bem. Ele possui um tesão inimaginável de criar personagens femininas com características masculinas. Até mesmo as abundantes cenas de sexo, sem dúvida projetadas para emocionar os garotos de quinze anos que compõem a base de fãs de Snyder, são vazias, porque o diretor acha que colocar uma cena de sexo e o suficiente para desenvolver o relacionamento de personagens. Como se sua mera existência devesse fornecer a substância que a cena em si não pode. Isso não quer dizer que a série não oferece nada digno de elogios. Há algumas sequências de ação que particularmente eu gostei e a animação é sólida no que se propõe, mas ela me pareceu um tanto datada. Essa paleta de amarelos, azuis e cinzas, misturada com capas em câmera lenta flutuando no ar enquanto guerreiros saltam para matar, teria sido considerada notável para uma série animada no início dos anos 2000. Agora, ela dói de preguiça. A trilha sonora é supostamente composta por Hans Zimmer, mas não prende o espectador em nada que se assemelhe à emoção de, digamos, "O Príncipe do Egito". É completamente esquecível. Outra coisa que eu gosto, é as liberdades criativas que o Snyder toma em relação à mitologia. Por exemplo, acabar com a ideia de que Valhalla é o descanso de um guerreiro depois que eles caem no campo de batalha. Em vez disso, é enquadrado que eles estão deixando para trás um exército para ser recrutado por um Deus vingativo. Eu achei isso bem legal, mas certamente vai irritar algumas pessoas. Aliás, é importante salientar esse ponto, se você espera uma representação fiel da mitologia nórdica, não encontrará aqui.

Divulgação | Netflix

Há alguns momentos de revirar os olhos no final da temporada, que são um pouco spoilers demais para serem discutidos em detalhes nessa crítica, mas a pior parte da temporada é seu principal vilão. Os vilões não precisam ser simpáticos ou mesmo complexos o tempo todo. Às vezes, até mesmo um vilão de uma nota só pode ser um contraponto satisfatório para o protagonista de uma história. No entanto, esse não é o caso do vilão principal de "Crepúsculo dos Deuses", Thor. Ele é desinteressante. Ele é irritante. Ele certamente faz você torcer para que os heróis o derrotem, mas não porque você quer vê-lo receber o castigo merecido. É mais pelo alívio de não ter que assistir a mais nenhuma de suas cenas.

Há muitas séries animadas que fazem o que "Crepúsculo dos Deuses" tenta fazer melhor. Se você quer uma história de vingança contra probabilidades impossíveis, "Samurai de Olhos Azuis" da Netflix é uma opção muito melhor. "A Lenda de Vox Machina", da Prime Video, é uma excelente escolha para fãs de histórias sobre um grupo improvável partindo em uma missão. E para uma opção familiar, há "O Príncipe Dragão", outra série da Netflix. Até mesmo a violência brutal que define grande parte da estética e do tom da série é usada de forma muito mais eficaz em "Primal", da Adult Swin e Max. 

"Crepúsculo dos Deuses" já está disponível na Netflix.

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