Crítica | Longlegs: Vínculo Mortal - É uma produção excêntrica e bastante original, que apesar de ter algumas falhas, ainda assim me marcou.

Divulgação | Diamond Films

TítuloLonglegs (Título original)
Ano produção2023
Dirigido porOz Perkins
Estreia
29 de agosto de 2024 (Brasil)
Duração 101 Minutos
Classificação18 - Não recomendado para menores de 18 anos
Gênero
Terror - Horror - Suspense
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

A agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe) é designada para um caso envolvendo um serial killer impiedoso que se autointitula LONGLEGS (Nicolas Cage). O assassino costuma deixar pistas com símbolos nas cenas do crime que apenas a agente é capaz de decifrar. A investigação toma rumos inesperados, enquanto Harker descobre uma conexão macabra com o assassino.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 7/10

Eu gosto bastante do Nicolas Cage. Não importa qual filme com Cage você esteja assistindo, ele nunca dá menos de 100%, se entregando plenamente aos seus papéis e se destacando graças aos seus recursos de atuação pouco ortodoxos. Sim, muitos zombam de seus gritos e ruídos estranhos e das vozes peculiares que ele às vezes adota, mas essas pessoas também deveriam assistir suas atuações interessantes como “Pig: A Vingança” ou “O Homem dos Sonhos”.

Enfim, eu poderia escrever sobre o Cage por horas, mas esse não é o objetivo deste texto. No entanto, você provavelmente pode imaginar que o principal motivo pelo qual eu estava morrendo de vontade de ver “Longlegs: Vínculo Mortal” de Oz Perkins era justamente para curtir o trabalho mais recente de Cage. E embora ele previsivelmente faça um excelente trabalho, no final das contas, este não é um filme que pertence a Cage. Ele é uma presença constante, a entidade que está sendo procurada e perseguida pelos protagonistas da história, mas "Longlegs: Vínculo Mortal" pertence a Maika Monroe, que faz um trabalho tão notável quanto Cage, mas com um papel completamente diferente. 

"Longlegs: Vínculo Mortal" é um suspense sombrio que se passa nos anos noventa, onde uma agente especial do FBI, Lee Harker (Maika Monroe) persegue o serial killer do título, Longlegs (Nicolas Cage), que se dedica a matar famílias inteiras em datas específicas. Seu chefe, o agente Carter (Blair Underwood), tem certeza de que Harker é a pessoa certa para esse trabalho, afinal, ele provou ter habilidades psíquicas que lhe permitem encontrar suspeitos e descobrir segredos como nenhum outro agente. Mas quanto mais fundo ele se aprofunda no caso, mais Lee percebe que as ações cometidas por Longlegs podem ter consequências graves tanto em sua vida profissional quanto pessoal.

Não vou revelar mais do que isso sobre a narrativa, já que "Longlegs: Vínculo Mortal" traz diversas surpresas e reviravoltas interessantes. Tenha em mente que o filme não está particularmente interessado em parecer realista. Como estabelecem que Lee possui poderes psíquicos, deve-se perceber que o filme se passa em uma espécie de realidade alternativa, onde o FBI não funciona da mesma forma que no mundo real, todos se comportam de maneira diferente e estranha. "Longlegs: Vínculo Mortal" apresenta algumas lacunas narrativas gritantes, mas o melhor que se pode fazer é desfrutar das performances e da atmosfera desenvolvida por Oz Perkins.

Divulgação | Diamond Films

Porque, meu Deus, que atmosfera ele desenvolveu! Não ousaria dizer que "Longlegs: Vínculo Mortal" é um filme assustador, longe disso, mas posso dizer que me deixou desconfortável, e que me causou com uma sensação palpável de nervosismo, como se eu tivesse acabado de ver algo obscuro, proibido. Seu uso de lentes angulares, planos fechados dos personagens, slow motion e elementos climáticos como neve (especialmente em flashbacks) ajudam a desenvolver o mundo do filme como um lugar escuro e desolado onde a ajuda chega tarde e manipular as pessoas para que façam coisas horríveis é incrivelmente fácil.

Também gostei das mudanças no aspecto da tela, principalmente quando passamos do presente para os flashbacks, e vice-versa, elas ajudam a fazer com que os flashbacks pareçam algo gravado com uma câmera de 16mm. E gostei também do uso mínimo de música, o que Oz Perkins faz, é aproveitar ao máximo os silêncios e os poucos ruídos de fundo em suas locações quase abandonadas, para dar a sensação de que nossos personagens estão quase sempre sozinhos, longe de outras pessoas que poderiam ajudá-los ou pelo menos serem testemunhas de algo. Mas quando a música chega, ela vem com intensidade para nos assustar ou pelo menos nos perturbar.

Divulgação | Diamond Films

Mas voltando a Cage, o que ele fez com Longlegs foi desenvolver um personagem muito peculiar, sobre o qual temos pouquíssimas informações, mas graças a certas pistas ao longo do filme, ele possui algumas características identificáveis. Cage interpreta Longlegs, então, como uma personalidade excêntrica, mais parecida com uma entidade satânica do que com uma pessoa real, e é incrivelmente hipnótica. E por sua vez, Maika Monroe é excelente como Lee, usando diversas sutilezas para desenvolvê-la como uma mulher confiante em seu trabalho, mas insegura em sua vida pessoal, que aos poucos entra em um mundo que pouco conhece.

Duvido muito que "Longlegs: Vínculo Mortal" vá te causar medo. É um filme incrivelmente atmosférico, mas eu o compararia mais a algo parecido com o clássico “O Silêncio dos Inocentes” (não no mesmo nível, claro) do que a um filme de terror mais tradicional. E curiosamente, é também um filme bastante engraçado, não porque seja uma comédia, obviamente, mas sim porque Oz Perkins consegue injetar breves momentos de humor sombrio que, de certa forma, causa aquele riso desconfortável. Mas no geral, "Longlegs: Vínculo Mortal" é uma produção excêntrica e bastante original, que apesar de ter algumas falhas, ainda assim me marcou. 

"Longlegs: Vínculo Mortal" estreia em 29 de agosto nos cinemas nacionais.

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