Crítica | Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo - É uma desgraça!

Divulgação | Paris Filmes

TítuloBorderlands (Título original)
Ano produção2022
Dirigido porEli Roth
Estreia
08 de agosto de 2024 (Brasil)
Duração 100 Minutos
Classificação14 - Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Ação - Ficção Científica - Aventura
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Uma infame fora da lei forma uma aliança inesperada com uma equipe de heróis. Juntos, eles lutam contra monstros alienígenas e bandidos perigosos para encontrar uma garota desaparecida que detém a chave para um poder inimaginável.

• Por Alisson Santos 
• Avaliação - 3/10

Baseado no jogo de RPG de ação em primeira pessoa de mesmo nome, ambientado em um cenário de fantasia científica espacial, "Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo" é a mais nova adição ao subgênero de adaptação de jogos. O filme é dirigido por Eli Roth, um cineasta famoso por seus trabalhos nos slashers, incluindo "O Albergue" e "Feriado Sangrento" do ano passado. Estrelado por Cate Blanchett, Kevin Hart, Jamie Lee Curtis e Ariana Greenblatt, Borderlands segue um grupo de 'heróis' que embarcam em uma missão para salvar uma garota desaparecida que detém a chave para um poder inimaginável. Apesar de ostentar um elenco competente e visuais coloridos, Borderlands é severamente prejudicado por diálogos ruins, uma história desinteressante e completamente longe do material de origem.

O sucesso de uma adaptação de um jogo depende em grande parte de uma coisa: quão fiel ela permanece ao material original. Embora o público procure principalmente ideias novas e originais no cinema, isso muda um pouco quando se concentra em adaptações. Vimos isso no ano passado com o lançamento de Five Nights at Freddy's: O Pesadelo Sem Fim, com a maioria dos discursos em torno de quão fiel ele permaneceu à narrativa densa dos jogos, e mesmo sendo um filme horroroso na minha visão, o ato dele ser fiel já é suficiente para tirar dinheiro de fã. Porque geralmente o fã não quer ver adaptações se afastando muito do que eles conhecem. Entendam estúdios, produtoras, isso é o segredo para você arrancar até a alma da base de fãs de qualquer franquia. Infelizmente, Borderlands provavelmente decepcionará os fãs dos jogos, pois, francamente, ele ignora principalmente qualquer coisa introduzida por eles. O primeiro problema aqui é a classificação etária, dado que o diretor Eli Roth tem uma propensão a sangue, parece que ele fica preso nessa tentativa de nunca ultrapassar o limite da classificação. O jogo é conhecido por sua ação frenética e intensa, e embora tenhamos bastante disso, ele emite o nível de violência que geralmente vem junto. Não só falta a natureza violenta, mas também falta o elemento pelo qual o jogo é mais conhecido, seu senso de aventura. Não conseguimos explorar muito desse vasto e colorido mundo, com a maior parte do filme se passando em um lugar, um lugar que nossa personagem principal desaprova. Havia muito potencial para explorar alguns locais incríveis, mas o roteiro carece daquela exploração que torna os jogos tão divertidos.

Divulgação | Paris Filmes

Não só esse senso de aventura é ignorado dentro do cenário, mas também dentro do enredo. Ele tem uma premissa simples de localizar uma criança para levá-la para casa para seu pai, e embora isso funcione bem para estabelecer os personagens e o local, o filme realmente não tem para onde ir. Isso resulta em um filme lento e mal ritmado que joga todas as ideias que tem em seu final, resultando em um terceiro ato extremamente apressado. Há uma revelação aqui, mas é altamente previsível e bastante óbvia. O enredo também é muito clichê. A premissa geral de um caçador de recompensas sendo enviado para localizar uma criança, apenas para ter um jornada de desenvolvimento e desejar uma vida melhor para ela é algo que já recebemos antes, bem recentemente, na verdade, e vimos abordado de uma forma muito melhor. Este enredo simplista e estereotipado seria mais desculpável se houvesse algum desenvolvimento para nossos personagens, localização e história, infelizmente, não há. Aprendemos muito pouco sobre o grupo, mesmo a protagonista Lilith interpretada tão bem quanto poderia por Cate Blanchett. Isso cria distanciamento entre nós como público e os personagens, pois não sabemos o suficiente sobre eles para apoiá-los e torcer por sua causa. Não há muita história envolvida aqui também, e você não sai disso sabendo muito sobre Pandora, Atlas ou, francamente, Borderlands como um todo. Tudo isso é deixado de lado por uma razão principal, um péssimo humor.

Os diálogos de Borderlands é o elemento mais fraco de todos. Ele tenta tirar muitas risadas, mas infelizmente muitas delas não acontecem devido à sua natureza imatura. Cheio de piadas sobre urina, piadas sobre defecação e um robô cuja única característica é não calar a boca, Borderlands pode ser doloroso para o público que já passou dos 15 anos. O que começa como um humor leve e bobo logo se transforma naquele humor irritante, com muitas de suas principais apostas cômicas repetidas ao extremo. Isso é ainda mais uma pena, dado o talento dos atores que estão aqui. O elenco, composto não apenas por Blanchett, mas por Kevin Hart, Jack Black, Jamie Lee Curtis, Edgar Ramirez, Ariana Greenblatt e Gina Gershon, é absolutamente incrível, é o sonho de muito diretor ter um elenco desses em mãos, mas aqui, eles são incapazes de mostrar seu alcance. Cate Blanchett, como esperado, ainda consegue fazer um milagre, o que não se deve apenas à sua habilidade, mas por ter mais a fazer do que qualquer outro personagem, cada ator talentoso é meramente reduzido a entregar frases de efeito sem graça e usar palavrões em excesso como um veículo para o humor. Isso não só resulta em personagens irritantes e desagradáveis, mas também em personagens sem química. Não há senso de camaradagem ou amizade que você gostaria que um filme como esse tivesse, o que por sua vez enfraquece o senso de aventura presente. 

A melhor coisa sobre Borderlands é facilmente o visual, embora eles também não sejam um louvor. A vibração deste mundo é certamente um destaque, há muitas cores, e a maquiagem e o figurino futuristas são definitivamente bonitos. Cada quadro exala um brilho elétrico que tem a capacidade de envolver você neste mundo, e definitivamente não pode ser acusado de parecer sem graça. Embora a maioria das melhores partes tenha sido mostrada no trailer, ainda há muitos visuais legais para deleitar seus olhos. As sequências de ação são filmadas muito bem, apesar de evitar urgência e riscos devido à falta de carnificina, e são bastante frequentes também, o que ajuda a impulsionar o enredo para aqueles que assistem por assistir e acham qualquer coisa legal. O principal problema com a estética é o uso excessivo de CGI. É difícil pular com os dois pés em um mundo que parece tão artificial e é tão fortemente dependente de efeitos visuais. Embora alguns possam argumentar que isso dá uma sensação de videogame, eu espero um cenário muito mais realista de um filme com orçamento acima dos U$ 100 milhões. Tenho feito críticas de filmes por mais de seis anos, e sinceramente não consigo me lembrar de uma experiência tão desgraçada quanto Borderlands. Para qualquer um que vá ao cinema para se divertir, seu lugar no céu está garantido.

"Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo" já está disponível nos cinemas nacionais.

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