A história real de 'A Sociedade da Neve'

Divulgação | Netflix

• Por Alisson Santos

Em 1972, um avião que transportava uma equipe uruguaia de rúgbi caiu nas Cordilheira dos Andes, forçando os sobreviventes a suportar temperaturas congelantes, avalanches, fome e, eventualmente, a comer os mortos entre eles.

Essa história verdadeira agora está sendo contada no filme de sucesso da Netflix, “A Sociedade da Neve”. O filme narra como os sobreviventes sobreviveram ao famoso desastre, desde o horrível acidente de avião até o improvável resgate 72 dias depois.

COMO O AVIÃO CAIU?

O voo 571 da Força Aérea Uruguaia transportava um total de 45 passageiros e tripulantes enquanto se dirigia de Montevidéu (Uruguai) para Santiago (Chile). Quase metade dos passageiros eram membros do time amador de rúgbi do Old Christians Club, enquanto outros eram amigos e familiares.

O mau tempo obrigou o voo a parar durante a noite em Mendoza, Argentina. No dia seguinte, 13 de outubro de 1972, o avião decolou novamente e voava pelos Andes quando o piloto nos controles começou a descer, pensando erroneamente que havia ultrapassado a cordilheira. A aeronave atingiu uma montanha, quebrando ambas as asas e fazendo com que a fuselagem deslizasse montanha abaixo. A traseira do avião também quebrou no ar, levando consigo cinco pessoas. Depois de um longo deslizamento, a frente do avião parou a uma altitude de mais 3350 metros.

Divulgação | Revista Time

“Quando o avião perdeu as asas e a cauda, ele começou a deslizar a uma velocidade incrível”, disse recentemente o sobrevivente Roberto Canessa, que tinha 19 anos na época, à revista Time. “Achei que meus pés iriam passar pela parte de trás das orelhas. Então, quando parou, não pude acreditar que estava vivo. Foi um milagre.”

COMO OS PASSAGEIROS CONSEGUIRAM SOBREVIVER?

"A Sociedade da Neve" narra como os sobreviventes viram aviões de busca no alto, mas as equipes de resgate não conseguiram localizá-los na neve. O grupo recuperou um rádio transistor, apenas para descobrir que a busca havia sido cancelada e todos a bordo foram considerados mortos.

Os sobreviventes criaram um abrigo improvisado na fuselagem. Depois de algumas semanas e a situação se tornar terrível, o grupo recorreu ao canibalismo, comendo os corpos dos passageiros que haviam morrido.

“Pensei que se morresse, ficaria orgulhoso de que meu corpo seria usado por outra pessoa”, disse Canessa.

Canessa disse que lutou contra a ideia de não apenas comer outro humano, mas uma pessoa que ele conheceu.

Roberto Canessa em entrevista recente

“Você está comendo uma pessoa morta e a pessoa é sua amiga e você se pergunta: 'Devo fazer isso? Ou devo me deixar morrer? ele disse à Time.

“Mas tenho visto como as mães choram quando perdem os filhos e não queria que minha mãe passasse por isso. Percebi que quando você tem um motivo para fazer algo, nada o impede.”

QUANTAS PESSOAS MORDERAM NO ACIDENTE?

Doze pessoas morreram no acidente inicial. Mais cinco morreram na primeira noite e outra pessoa morreu cerca de uma semana depois devido aos ferimentos. Uma avalanche enterrou a fuselagem na neve em 29 de outubro, matando mais oito pessoas e prendendo outros sobreviventes lá dentro. Eles conseguiram escapar, mas tiveram que retornar quando caiu uma nevasca. Durante o tempo que ficaram presos na fuselagem, os sobreviventes comeram os que morreram na avalanche. Nesse ponto, apenas 19 pessoas permaneciam vivas. Os sobreviventes finalmente conseguiram sair da fuselagem, mas mais três pessoas morreriam mais tarde. Das 45 pessoas a bordo do avião, apenas 16 sobreviveram a toda a provação, que durou mais de dois meses.

QUEM RESGATOU OS SOBREVIVENTES?

Três dos homens que ainda estavam vivos – Canessa, Nando Parrado e Antonio Vizintín – decidiram caminhar pela serra na tentativa de obter ajuda. Vizintín finalmente retornou ao acampamento improvisado para que os outros dois tivessem comida o suficiente. 

Divulgação | Revista Time

Cerca de 10 dias depois da partida inicial, Canessa e Parrado encontraram um chileno chamado Sergio Catalan que cavalgava, mas estavam separados por um riacho. Ele prometeu voltar no dia seguinte. Quando voltou, Catalan enrolou lápis e papel em volta de uma pedra e jogou para os homens. Parrado anotou o que aconteceu, o que levou Catalan a agir, indo até a cidade mais próxima para informar as autoridades sobre os outros sobreviventes. Em 22 de dezembro, helicópteros começaram a evacuar os 14 sobreviventes restantes do campo.