Crítica | Aquaman 2: O Reino Perdido - É um verdadeiro colírio visual que encerra um ciclo trazendo uma história sobre família, reflexão e conscientização.

Divulgação | Warner Bros. Pictures

TítuloAquaman and the Lost Kingdom (Título original)
Ano produção2022
Dirigido porJames Wan
Estreia
20 de dezembro de 2023 (Brasil)
Duração 124 Minutos
Classificação12 - Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero
Ação - Comédia - Drama
País de Origem
Estados Unidos 
Sinopse

Um antigo poder é libertado e o herói Aquaman precisa fazer um perigoso acordo com um aliado improvável para proteger Atlântida e o mundo de uma devastação irreversível.

• Por Daniel Pereira
• Avaliação - 6/10

Novamente navegando em águas desconhecidas, Aquaman 2: O Reino Perdido apresenta um novo cenário fugindo um pouco do que acompanhamos no primeiro filme. Nessa nova etapa o foco não é o desenvolvimento de um casal e uma ascensão de um renegado, mas sim a história de dois irmãos que se detestam e precisam aprender a trabalhar juntos contra um mal maior. Ainda que pareça um tanto clichê a história de irmãos unidos, a abordagem no decorrer da história é muito bem feita desenvolvendo a relação de ambos, e fazendo paralelos com as HQ's em momentos que Orm e Aquaman trabalham juntos. O filme busca abordar a conciliação de Arthur (Jason Momoa) entre a vida como rei e protetor dos sete mares, e também como pai e chefe de família. Toda essa construção é muito leve e explora ao máximo os momentos cômicos, e apesar de inicialmente ser algo positivo, o excesso acaba por ser cansativo e um tanto repetitivo.

Desde o começo até o final do filme há muitas piadas e cenas de alívio cômico, mas isso acaba se tornando prejudicial quando o filme passa por cenas mais sérias e que exigem uma certa carga dramática. Neste ponto, as cenas com maior peso emocional acabam sendo curtas de modo que não seja possível gerar uma comoção com o público. Todavia, Amber Heard merece aplausos por uma das cenas com peso dramático, onde apenas com um grito a atriz consegue transmitir toda a dor que a cena exige e causa arrepios. Infelizmente são poucos os momentos em que Mera aparece no filme, sendo sua presença drasticamente reduzida para dar lugar a Orm (Patrick Wilson), mas ainda assim as cenas em que aparece são marcadas por demonstrações de poder visualmente belas, e que deixam um gostinho de quero mais. O mesmo pode ser dito da rainha Atlanna (Nicole Kidman) que apesar do pouco tempo de tela, consegue marcar presença com cenas interativas e até mesmo de ação, apesar de não fazer jus a sua cena de batalha no primeiro filme, deixando uma sensação de que a personagem poderia ser melhor aproveitada.

Falando especificamente de Atlanna e entrando diretamente no tópico CGI, há momentos em que os efeitos são falhos quando aplicados no rosto da atriz demonstrando uma má finalização, assim como em outros momentos em que o CGI é aplicado nos corpos do elenco gerando movimentos estranhos que não parecem naturais. Porém, essas são as poucas falhas já que os cenários apresentados são visualmente belos e mantém a qualidade do primeiro filme, além de incorporar um novo cenário fora dos mares que carrega uma beleza genuína e selvagem que acrescenta um charme especial ao longa. James Wan se mostrou inteligente ao apostar novamente nos horrores que se ocultam nas profundezas, trazendo criaturas horrificas que fazem toda diferença ao abordar o novo reino. Apesar desses pontos positivos, é notório que se mais elementos do horror fossem anexados ao filme, a experiência seria mais envolvente e mostraria um pouco do lado sombrio que tanto é referenciado no selo DC.

Divulgação | Warner Bros. Pictures

A atuação de Jason Momoa basicamente gira em torno do humor e apesar de ser natural para ele, o filme carece de uma postura menos cômica e uma atuação mais séria, embora tenha cenas em que é possível ver Momoa explorando um pouco das camadas que o personagem possui. Felizmente, essa veia cômica tem um bom contraste com Patrick Wilson, rendendo alguns momentos de risadas genuínas graças a sincronia entre ambos, apesar de sentir falta da seriedade que Orm passava, já que nesse novo cenário o antigo rei de Atlântida perde sua imponência para dar espaço a persona mais acessível e de certo modo divertida. Falando especificamente do antagonista Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), o personagem continua em busca de vingança e se mantém fiel aos seus ideais, o que rende bons momentos em tela e entrega um vilão marcante, sendo uma adaptação muito interessante que contrasta muito bem com sua versão dos quadrinhos.

As sequências de luta são definitivamente a melhor parte do filme e estão presentes do começo ao fim, rendendo combates que fazem toda a diferença e enriquecem o longa. Ainda que o começo seja um pouco lento, no momento em que a história realmente engata, as cenas começam a se desenvolver melhor e faz a espera valer a pena. Uma das partes mais interessantes e que são frequentes nas histórias do Aquaman é a poluição dos oceanos, e a degradação do planeta, sendo essa a principal pauta abordada no filme e que gera um alerta para a realidade que o mundo está enfrentando atualmente, ficando evidente o paralelo com as atuais catástrofes ambientais. Porém, o enredo não apenas condenada a humanidade, mas também mostra que mesmo os atlantes já tiveram sua parcela de culpa no passado, mostrando que há também hipocrisia naqueles que apontam o dedo.

Consolidando todos os pontos e adquirindo uma visão macro do filme como um todo, Aquaman 2: O Reino Perdido se mostrou um colírio visual que encerra um ciclo trazendo uma história sobre família, reflexão e conscientização. O DCEU enfim abandona sua antiga face para se reerguer, sendo esses últimos anos uma chance de aprendizado para trazer um futuro realmente épico. O filme conta com uma cena pós-credito do personagem Orm que faz ligação com um dos momentos do filme, e rende boas risadas.

Comentários

  1. Eu concordo com absolutamente tudo.

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  2. Não entendi o hate de alguns, porque pra mim é o mesmo nível do primeiro. Realmente, existe uma fadiga do gênero.

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